Sopa de Letrinhas
Afogue-se em páginas
Capa Textos Perfil Livro de Visitas Contato
Textos
Caderno de Rascunhos
São, no fundo, rabiscos. Sei disso. Páginas e páginas manchadas com garranchos pretos, vermelhos, azuis, e de todas as cores que canetas podem ter.

Não está uniforme, com letras do mesmo tamanho, formato e curvatura. É um emaranhado de riscos, linhas e pingos... Como os galhos e folhas de uma árvore.

A caligrafia muda. Às vezes é grande, corrida, quase ilegível, um garrancho feito nos dias escuros de minha existência. Já em outros dias, é pequena e redonda, com corações nos "is" e desenhos nos rodapés. São os dias brilhantes.

Uma história? Não. Não chega à tanto... Porém, é mais do que uma crônica ou conto. Minha biografia, talvez? Não pode ser... Não é minha vida, só minha pessoa.

É mais um conjunto de textos que expressam quem sou, e o que quero ser. Poesias, pensamentos, frases, xingamentos, descrições do mundo ao meu redor. Alguns rascunhos de redações também.

"O que eu fiz nas férias" sempre foi um tema que eu odiei. Passava os dias enfurnada dentro de casa, observando pela TV o resto da humanidade do lado de fora da janela. O que tanto eu tinha pra dizer?

Mas desde que comecei este mini livro de ideias e inspirações, minha escrita flui muito mais rápido, e o mundo vira um borrão enquanto minha mão se apoia na borracha macia da caneta.

Em meu caderno, escrevo sobre tudo. Desde o lindo azul do céu matinal até a sensação da mais arrasadora tristeza. Descrições. Detalhes, detalhes. Desde a forma e o material, até o peso do ar, o sentimento que passa, o modo como o Sol bate, o desgaste, o que eu sinto, tudo.

São só pequenos textos, que nunca serão usados, imagino. Não me importo com estruturação, construção de personagem, cena, diálogo... É pessoal.  Só eu vou ler.

É como uma obsessão, um comichão na mão que me compele a escrever sem pensar. Seguir um fluxo de ideias que vem e vão, me levando à lugares distantes e construindo mundos. E eu não tenho controle. Sou só a hospedeira desse espírito feroz que me habita.

Dessa alma rebelde, que não liga para normas da sociedade, não se importa com o que acharão de suas ideias. Só precisa mostrá-las ao mundo, independentemente da reação das pessoas.

Essa natureza antiga e poderosa que habita cada um de nós. Que nos dá a capacidade de criar e emocionar. De escrever, contar, ler, imaginar, tocar, cantar, pintar, acreditar, e enxergar a beleza em simples letras conjuntas.

Essa consciência onipresente que nos faz ser quem somos.
Elisa Flemer
Enviado por Elisa Flemer em 11/07/2015
Comentários